Hoje encontrei um antigo texto que escrevi, que bem podia ter sido escrito ontem, pois é recorrente...
"Com um último impulso, toco com a mão no fundo subaquático. Enquanto sinto o ar fugir, penso se será sempre necessário irmos ao fundo, mesmo ao fundo dos nossos terrores para conseguirmos emergir mais limpos, sãos. Naquele instante que separa a Vida da Morte, o instante que muda tudo, a bifurcação nos nossos sonhos, será aí que reside a solução? Teremos de estar próximos da sufocação para conseguirmos ver? Estaremos mais lúcidos nessa altura? Ou esse instante, em que quase vemos, quase sentimos o outro caminho, serve para despoletar os nossos sentidos mais profundos, o instinto implacável que nos grita aos ouvidos: Sobe! Sobe! SOBE!
Quem nunca sentiu esse pânico, não sabe que intensidade pode atingir o medo de tomarmos as decisões erradas, que nos levam para o fundo do poço. O medo incrível que surge quando percebemos que muitas (todas?) vezes estas decisões são instantâneas e irreversíveis.
Estranhamente, pelo menos para mim, parece que não há meio caminho. Este processo de limpeza, de "emergência", tem de ser feito a partir do fundo senão não resulta, fica incompleto, como se nos tivessemos esquecido de varrer um canto escuro de uma casa impecavelmente limpa."
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Texto antigo
Entoada por Chuva de Verão à(s) 22:28
Etiquetas: Pensamento, Texto
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3 melodias:
Erm... Não podia concordar mais contigo neste momento. Sinto-me tal e qual.
Muito bom!
Exacto... Ir ao fundo é dar o impulso para subir.
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